sexta-feira, 20 de maio de 2011

O VÍRUS DO CIÚME




Ele ligara no final da tarde: “Hoje não posso te ver”. Ela achou estranho, mas aceitou. Fazia meses que não ficavam um dia sem se ver, mas tudo bem, ele estava precisando de um descanso, tinha outras prioridades justas no momento.
Ela aproveitou pra se cuidar um pouco. Um banho demorado, um pouco de TV, navegar na internet... E acabou adormecendo, um sono merecido, levando em conta a vida tumultuada que andava tendo. Que sono bom! Que descanso proveitoso! Fazia tempo que não descansava assim.
Mas o destino, mais uma vez lhe pregava uma peça: o telefone tocou. Já era tarde, ele havia voltado do seu compromisso. Contaminado a dias com o vírus do ciúme, atacou-a sem dó nem piedade: “Você mentiu pra mim!”
Justo ela, que sempre prezou pela verdade, que nunca enganou ninguém. Mentir pra ele? Para aquele que ela escolheu para ser o seu esposo! Jamais! Ela jamais faria isso! Como ele poderia pensar algo tão horrível a seu respeito? Mas ele tinha provas! Mostrou datas, informações, tudo documentado! Da sua alta cadeira de juiz, declarou-a culpada!
Horrorizada com a acusação, chorou. Chorou muito. E aos prantos explicou-lhe que era apenas um vírus, não havia motivo para culpá-la. Mas ele insistiu: “Você mentiu pra mim!”
Era duro pra ela ouvir isso. A flecha da injustiça dói muito. Todo justo sabe o quanto! Com o peito ensanguentado, ficou sem forças para continuar aquela conversa.
Desligou o telefone e foi perguntar a Deus o que estava acontecendo. Por que ela deveria passar por uma provação tão grande? Por que ouvia coisas tão duras da pessoa que mais amava?
Aos poucos, durante a sua conversa com Deus foi se acalmando e por fim adormeceu. Mesmo sem respostas às suas dúvidas sobre a vida, adormeceu...
O que seria daqui pra frente? Ela não sabia. Ela não conhecia vacina alguma contra esse vírus mortal. O que seria daqui pra frente? Só Deus sabia...

Fernanda de Abreu Paganotti

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